Comprar online: a tecnologia na prevenção ao coronavírus

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Em grande parte dos países onde o novo Coronavírus (COVID-19) está causando impacto, medidas de isolamento e distanciamento social estão sendo implementadas. 
 

Trabalhadores em alguns países, a exemplo do Brasil, foram solicitados a trabalhar em casa, as cidades, em casos mais extremos, como as da China e Itália, foram isoladas, além de escolas sendo fechadas ao redor do mundo. Como medida preventiva, as pessoas estão sendo orientadas a ficar em casa e evitar lugares públicos e lotados.
 

Para se ter uma ideia, de acordo com uma pesquisa feita pela empresa de pesquisa de mercado YouGov, de março de 2020, 85% dos usuários de internet na China e 83% em Hong Kong disseram ter evitado lugares públicos lotados nas últimas duas semanas em virtude do novo coronavírus. 
 

Além disso, a pesquisa feita pela americana Coresight Research, de fevereiro de 2020, mostrou que 27,5% dos internautas dos EUA estavam evitando locais públicos. Ela também indicou que 58% o faria se o surto de coronavírus piorasse nos EUA. Esperava-se que os shopping centers fossem os locais mais evitados, mais da metade dos entrevistados disse que também evitaria as lojas em geral.
 

Antes uma escolha, o coronavírus impôs em definitivo as compras online como um novo hábito

A pesquisa feita Coresight Research aponta que 8 em cada 10 entrevistados (85,6%) com 60 anos ou mais disseram que, provavelmente, evitariam shopping centers e lojas tradicionais. 
 

De fato, esse resultado não surpreende, já que o coronavírus atingiu fortemente as pessoas mais velhas, impondo como uma consequência não intencional mudanças em seus hábitos de compra.
 

Como os indivíduos mais velhos são os mais afetados pelo novo coronavírus, é mais provável que eles alterem seu comportamento. Isso significa uma maior adoção do comércio eletrônico, área em que eles são considerados como “retardatários”. 
 

“Prefiro não comprar a comprar on-line”

Pessoas cuja atitude tem sido “prefiro não comprar a comprar on-line”, agora, podem repensar esse conceito se entenderem que vão a lojas lotadas e com grande potencial de contaminação.
 

E essa mudança já pode ser vista. A atividade de comércio eletrônico, particularmente relacionada aos setores de saúde e mercearia, está crescendo nos EUA em geral. 
 

De acordo com dados do Pacvue, fornecedor de tecnologia de anúncios para comércio eletrônico, houve um aumento considerável nas pesquisas na Amazon por produtos como desinfetante para as mãos e sabão antibacteriano. 
 

Além disso, os consumidores digitais tradicionais também estão dispostos a consumir os produtos que precisam mesmo com períodos de entrega mais longas, a fim de evitar ir às lojas e correr qualquer tipo de risco em relação à contaminação com o coronavírus.
 

Apesar do cenário crítico e preocupante, a mudança no hábito de compra está provando ser um benefício e um desafio para varejistas e atacadistas. É provável que o aumento de compras online movimente ainda mais o mercado e consolide o comércio eletrônico como um dos alicerces da economia mundial nos próximos anos. 
 

As vendas online se multiplicam e aplicativos de entrega inovam

Os consumidores domésticos brasileiros, da mesma forma que ocorreu na China, devem recorrer às compras online para o fornecimento diário de alimentos e outros produtos de consumo individual. 
 

Segundo o varejista francês Carrefour, as entregas de vegetais aumentaram 600% ano a ano. O varejista online chinês JD.com informou que suas vendas de supermercado online cresceram 215% ano a ano, para 15.000 toneladas durante um período de 10 dias entre o final de janeiro e o início de fevereiro.
 

No gigante de marketplace Mercado Livre, as categorias de saúde, cuidado pessoal e alimentos e bebidas registraram crescimento de 15% quando comparado ao mês todo de fevereiro deste ano. Na comparação com a primeira quinzena de março do ano passado, o crescimento foi de 65%. 
 

O Mercado Livre atribui esse crescimento ao cenário atual de combate ao contágio do coronavírus, considerando que produtos como máscaras protetoras, álcool em gel e de primeiras necessidades (alimentos, papel higiênico, fraldas etc.) fazem parte dessas categorias.
 

As preocupações com a entrega de alimentos devido a uma possível contaminação de alimentos estimulam a recente inovação nos serviços de coleta e entrega sem contato. Empresas como McDonald’s e Starbucks estão aumentando os serviços de entrega que limitam o contato humano, e os pedidos são embalados para mantê-los livres de contaminação.
 

Startups estão fazendo sua parte para a prevenção do coronavírus

Em uma semana, as entregas diárias feitas pela Buymie, startup irlandesa que trabalha com duas das principais redes de supermercado que atuam no país (Lidl e o Tesco), aumentaram 300%, segundo o executivo-chefe e cofundador da startup, Devan Hughes. O número de usuários da plataforma cresceu 190% na última semana.
 

Com a proliferação do coronavírus pela América Latina, empresas como a startup colombiana Rappi, que tem cerca de 200.000 entregadores em nove países da América Latina, registrou um aumento de 30% nas entregas nos primeiros dois meses de 2020 em comparação com os últimos dois meses de 2019. Esse é um aumento significativo no número de pedidos de supermercado, uma resposta dos usuários preocupados com as incertezas e medidas de quarentena em diferentes cidades.
 

Enquanto isso, medidas preventivas estão sendo adotadas para proteger entregadores e usuários de aplicativos. A IFood, por exemplo, criou um fundo de R$ 1 milhão para apoiar os funcionários em quarentena, além de testar entregas sem contato.
 

O Uber EATS, por sua vez, fornecerá assistência financeira por até 14 dias aos motoristas ou parceiros de entrega que foram diagnosticados com o coronavírus, ou colocados em quarentena pelas autoridades de saúde.
 

O impacto comercial mais claro e imediato da pandemia de coronavírus foi uma grande mudança nas cadeias de atacado distribuidor

Um declínio no varejo físico, que compreende mais de 85% das vendas no varejo dos EUA, pode mudar as compras diárias tradicionais para canais digitais, como Amazon ou outros varejistas eletrônicos, e aumentar as vendas – efeitos já vistos por fornecedores como RedMart em Cingapura. 
 

Além disso, essa mudança tem potencial para reforçar o uso do comércio omnichannel, como comprar online e retirar na loja para clientes que desejam comprar na loja, mas evitam multidões. 
 

Esse aumento na demanda por e-tail (varejo através da internet) pode sobrecarregar os fornecedores e trabalhadores de logística, o que pode exigir que as empresas de comércio eletrônico revisitem suas estratégias para atendimento e entrega de pedidos, incluindo as estratégias de envio rápido, a fim de acompanhar a crescente demanda e manter trabalhadores seguros. 
 

Os relacionamentos entre empresas de atacado e varejistas, que geralmente estão alinhados com questões de fornecimento, planejamento de demanda e negociações comerciais, passam por grandes mudanças após o surto de coronavírus em todo mundo. 
 

Muitas negociações passaram para um processo de vendas online com apoio de chamadas de vídeo ou de voz, tornando-se ainda mais dinâmicas.
 

Além disso, o planejamento da demanda por produtos é uma preocupação crescente, já que a falta ou o excesso de estoque se tornaram cada vez mais inaceitáveis ​​para os varejistas atuais. 

 

As discussões padrão sobre preços, promoção e gastos comerciais, que normalmente compreendem a maioria das conversas com os principais gerentes de contas / compradores de varejo, estão se tornando processos digitais através de um ambiente online personalizado para cada segmento do atacado/varejo.
 

Por fim, as empresas tiveram que mudar muitas de suas atividades de marketing de offline para online para se adaptar às mudanças no tráfego do consumidor. 
 

Tecnologia que faz a diferença: comércio tradicional e comércio eletrônico enfrentam mudanças e desafios

Varejistas e atacadistas já lidavam com as fortes mudanças para o ambiente online no nos últimos anos. O coronavírus impulsionou ainda mais todo esse processo de transição, ainda mais com a possibilidade de cidades serem colocadas sob bloqueio, já que os governos locais impõem medidas de quarentena e restringem as viagens ao ar livre. 
 

Diante disso, conectividade e dados em tempo real passam a ser essenciais para visualizar uma cadeia de suprimentos ponta a ponta e fazer as alterações necessárias ao processo de negócios online.
 

Ainda não sabemos até que ponto o coronavírus afetará a economia global ao longo prazo, mas as interrupções nas cadeias de suprimentos no atacado são inevitáveis. É esperado que o impacto seja contido e mínimo, tanto do ponto de vista empresarial quanto humanitário. Mas deixe isso servir como um ponto de iluminação para as empresas.
 

Os atacadistas desempenham um papel extremamente importante no ciclo de vida do produto e, historicamente, têm sido atrasados ​​quando se trata de adotar os mais recentes avanços tecnológicos. 
 

Avaliar e investir em tecnologia que permita uma percepção em tempo real e a adaptabilidade às mudanças deve ser uma prioridade no futuro. Aqueles que são ágeis o suficiente para antecipar e executar alterações na cadeia de suprimentos estarão mais aptos a absorver as restrições globais de disponibilidade de produtos e obter maior sucesso em longo prazo.
 

Grandes empresas de tecnologia passam a fazer parte da luta contra o coronavírus

Gigantes da tecnologia, a exemplo do Google e Microsoft, uniram forças como parte de uma iniciativa para combater o coronavírus.
 

Por meio da iniciativa, a comunidade de ciência de dados Kagglef adquirida pela Google Cloud há três anos, o Allen Institute for AI, a Chan Zuckerberg Initiative (CZI), o Centro de Segurança e Tecnologia Emergente (CSET) da Universidade de Georgetown (CSET), Microsoft e a Biblioteca Nacional de Medicina (NLM) ) nos Institutos Nacionais de Saúde colaboraram para lançar o Covid-19 Open Research Dataset (Cord-19).
 

O Cord-19 representa a mais extensa coleção de literatura de coronavírus legível por máquina disponível para mineração de dados até o momento. 
 

Isso permite à comunidade mundial de pesquisa em IA a oportunidade de aplicar abordagens de mineração de texto e dados para encontrar respostas a perguntas e conectar informações sobre esse conteúdo, em apoio aos esforços contínuos de resposta do Covid-19 em todo o mundo. Há uma urgência crescente para essas abordagens devido ao rápido aumento da literatura sobre o coronavírus, dificultando o acompanhamento da comunidade médica.
 

Os supercomputadores da IBM ajudaram cientistas do governo a estudar possíveis compostos de drogas que podem combater o coronavírus, informou a empresa.
 

A divisão de saúde da Alibaba abriu, gratuitamente, os serviços de telemedicina para residentes de Hubei. Por meio de seus canais de comunicação, a gigante do e-commerce está encorajando pessoas que apresentarem quaisquer sintomas de doenças a realizarem um atendimento remoto, visando identificar casos de contaminação do vírus o quanto antes.

 

Mas a participação das empresas de tecnologia não ficou apenas nas questões científicas buscando a cura pelo coronavírus. 
 

Recentemente, a Amazon gigante de comércio eletrônico, anunciou aberturas para contratar 100.000 novos funcionários de armazém e entrega para atender ao aumento da demanda por remessas como resultado da pandemia de coronavírus. Também aumentará a remuneração horária dos trabalhadores ocupados nessas posições em US $ 2 adicionais nos Estados Unidos até abril.
 

Além disso, a versão paga do Hangouts Meet será gratuita até 1º de julho. Alguns dos recursos premium das empresas e escolas podem se beneficiar ao máximo durante esse período:

  • Um limite aumentado de 250 participantes por chamada.

  • Transmissão ao vivo com um limite de público aumentado de até 100.000 espectadores em um domínio.

  • A capacidade de gravar reuniões e salvá-las no Google Drive.
     

Isso, sem dúvida, ajudará as empresas a realizarem grandes reuniões on-line, fazendo apresentações em toda a empresa e salvando reuniões para que outras pessoas vejam mais tarde.
 

Caminho para a recuperação

Em momentos de tanta tensão, pode ser difícil acompanhar todos os desafios imediatos, e mais ainda manter o foco no médio e longo prazo. No entanto, as equipes de liderança em produtos de consumo sabem que não podem perder de vista seus objetivos mais amplos durante a turbulência criada pelo COVID-19. Elas precisam planejar a recuperação.
 

Embora demore algum tempo para voltar aos negócios como de costume. As empresas devem continuar a priorizar a criação de um ambiente de trabalho saudável e um processo de vendas online eficiente. 
 

Compartilhe as ações que você tomou para garantir segurança e higiene contínuas, e trabalhe com seus fornecedores e distribuidores para implementar medidas adicionais. Aprenda com esse choque para tornar sua empresa mais resiliente após choques externos futuros, como crises econômicas, ataques terroristas e desastres naturais.
 

Recuperação também significa redefinir e reiniciar o plano para 2020 com novos objetivos, orçamentos, previsões e planos operacionais. Além disso, as empresas precisarão atualizar seu plano, com foco especial nas principais ações:

  • Revise os dados do cliente e do mercado para destacar as áreas em que a empresa ganhou ou perdeu participação de mercado durante a crise. A revisão também deve cobrir como os clientes de maior valor da empresa enfrentaram a crise, identificando ações prioritárias para nutrir esses relacionamentos.

  • Reequilibrar os níveis de estoque para se ajustar à demanda pós-crise.

  • Desenvolver planos de revitalização comercial para reativar a demanda.

  • Atualize sua lista de parcerias, procurando oportunidades na cadeia de valor. Esteja pronto para avançar rapidamente se houver oportunidades.

  • Implemente a melhoria contínua de custos, especialmente em categorias que não estão se recuperando conforme o esperado.
     

Olhando mais adiante, as empresas podem usar esse momento como um catalisador para criar capacidades de longo prazo, não apenas como um teste de estresse para se preparar para futuras crises, mas também para atender às necessidades de clientes, consumidores e fornecedores de maneira mais eficaz e eficiente.
 

Uma crise que ainda tem muito a ensinar para as empresas

A crise atual está tendo um impacto significativo nas empresas de produtos de consumo, com vários efeitos de segunda ordem que ainda estão surgindo. Uma resposta focada e coordenada ao coronavírus, agora, deve estar no topo da agenda de todos os CEOs de produtos de consumo. O comércio eletrônico viverá com suas consequências por meses ou até anos.
 

As mudanças operacionais específicas exigidas são vastas, abrangendo questões urgentes e abrangentes de continuidade do fornecimento, distribuição e logística, evolução do relacionamento com os clientes e muito mais. 
 

O surto também destaca a importância da preparação, resposta rápida, aprendizado contínuo, adaptação e comunicação no planejamento de contingência. Acima de tudo, a segurança dos funcionários, clientes e parceiros de negócios é e continuará sendo a maior prioridade.
 

Nestes tempos difíceis, funcionários, clientes, comunidade de investidores e outras partes interessadas acompanharão atentamente a resposta do setor. Este é um momento decisivo de liderança. Aceite o desafio, tome ações decisivas que colocam as pessoas em primeiro lugar, demonstrem empatia e capacite a equipe ao seu redor.
 

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