Storytelling no e-commerce: como encantar os clientes
O storytelling no e-commerce vem sendo amplamente utilizado por empreendedores que desejam inovar em suas estratégias de comunicação. Por meio das mais diversas narrativas, eles vêm criando um jeito diferente de posicionar a própria marca no mercado.
Essa é uma abordagem que se torna relevante, sobretudo em um período no qual somos inundados por verdadeira avalanche de conteúdo todos os dias. Nesse contexto, é cada vez mais difícil chamar a atenção do público e simplesmente fazer mais do mesmo não convém.
Para quem ficou interessado nas possibilidades do storytelling no e-commerce, preparamos um conteúdo repleto de informações que você precisa conhecer. Continue a leitura e saiba mais.
O que é storytelling?
Storytelling pode ser traduzido como “contar histórias” (sotory + tell). O conceito não tem nada de surpreendente, mas faz referência a uma tradição milenar: a “contação” de histórias.
Desde os tempos mais primórdios, narrativas são criadas por agrupamentos humanos para transmitir conhecimento. Aquelas histórias reconhecidamente autenticas e criativas, mais que ensinar algo, eram capazes de inspirar e induzir conexões emocionais entre os membros do grupo, de modo a formar uma identidade compartilhada por todos.
Esse é uma fórmula poderosa de se gerar encantamento e cativar um público. Não por acaso, o storytelling vem sendo amplamente utilizado nas mais diversas estratégias de comunicação.
Por que apostar no storytelling no e-commerce?
Já falamos um pouco sobre a capacidade que o storytelling tem de encantar as pessoas, não é mesmo? Agora, vamos nos aprofundar nesse ponto, apresentando essa e outras vantagens.
Histórias geram identificação
Pense em seu livro ou filme preferido. Agora me responda: o que te faz gostar tanto dessa história?
Para grande maioria das pessoas, essa preferência se justifica pela identificação direta com algum personagem ou circunstância narrada.
No âmbito do storytelling no e-commerce, a mesma lógica se aplica. Empresas criam campanhas para cativar o seu público com narrativas que, de alguma forma, os representem.
Prova disso é o crescente número de marcas renomadas criando campanhas com foco em representatividade. Nessas produções, temos apelos relacionados à temáticas sobre desigualdades de gênero e racial, por exemplo.
Storytellings com esse viés, além de engajar quem se sente representado, como negros e mulheres, transmitem uma mensagem de humanização para quem enxerga de forma empática a luta desses grupos por igualdade de direitos.
Histórias despertam emoções
Mais que identificação, as histórias também despertam emoções. Quem não se sente feliz ao assistir à jornada de um herói ou a trajetória de superação de um personagem que passou por maus bocados até alcançar seus objetivos?
Com o storytelling no e-commerce não é diferente. A apresentação de um produto contextualizada em um enredo também pode fazer emergir emoções positivas, construindo junto ao público a percepção desejada para a solução oferecida.
Histórias engajam
Marcas capazes de contar boas histórias geram cada vez mais engajamento. Prova disso são campanhas marcantes e criativas de empresas que viralizam de forma inteiramente orgânica, isto é, somente com compartilhamento espontâneo de milhares de perfis.
Quais são os elementos de um storytelling no e-commerce?
Muita gente se pergunta se existe uma metodologia unificada para desenvolver um storytelling. Quanto a isso, devemos esclarecer que existem alguns elementos em comum presentes na forma como as histórias são contadas. Vejamos, a seguir, quais são eles:
Mensagem
É comum dividirmos o storytelling em duas partes:
- story: a história e a mensagem a serem transmitidas;
- telling: a forma como essa mensagem é contada.
Temos, muitas vezes, uma mensagem forte contada a partir de um roteiro fraco que ainda assim surte efeito. No entanto, conteúdos com essas características existem aos montes. O storytelling verdadeiramente marcante concilia os dois aspectos, impactando de verdade sua audiência.
Ambiente
A sua história precisa acontecer em algum lugar, certo? Logo, na hora de estruturar o storytelling é preciso pensar em uma ambientação, sendo esse um elemento que deve compor de forma adequada seu enredo.
Personagem
O personagem é quem estará inserido em todos os eventos no transcorrer da história. Muitas vezes, a mensagem estará inserida em sua trajetória de superação.
Conflito
O conflito é o ponto-chave da história, sendo esse aspecto o responsável por prender a atenção da audiência. Basicamente, é preciso apresentar um ponto de convergência em que as pessoas se perguntem: “O que vai acontecer? Como a história será resolvida?”.
Como funcionam fórmulas consagradas de storytelling?
Intuitivamente, talvez você já tenha identificado um certo padrão em histórias consagradas, que vão desde livros épicos da antiguidade clássica até os desenhos produzidos pela Disney que, anualmente, lotam salas de cinemas no mundo todo. É como se diferentes narrativas fossem estruturadas a partir de uma mesma fórmula.
Poderíamos, então, afirmar que existe algo em comum entre obras como a Ilíada de Homero e o filme Procurando Nemo? Por mais inusitado que possa parecer, é exatamente isso que alguns especialistas no tema afirmam.
O escritor Joseph Campbell, por exemplo, se dedicou a analisar a questão em seu livro intitulado“O Herói de Mil Faces”, em que se discute a teoria do herói arquétipo – uma espécie de estrutura de enredo presente em diversos tipos de mitologia e culturas pelo mundo afora.
Nesse arranjo, temos a chamada jornada do herói, que se divide em:
1. Mundo comum
O herói parte de um lugar comum, onde ele compartilha um determinado meio de vida com um grupo.
2. Chamado para a aventura
Em um segundo estágio o herói é chamado para uma aventura, sendo convidado a partir do chamado “mundo comum” para o “mundo incomum” – local onde não se sabe o que vai acontecer.
3. A recusa do chamado
Frente ao desafio que se coloca — o chamado para a aventura — o herói passa por um estágio de conflitos internos, em que se questiona sobre qual será o seu destino e se, realmente, cabe a ele atender às expectativas lançadas sobre ele.
4. O encontro com o mentor
O mentor é alguém que ajudará o herói a resolver seus conflitos internos e, quem sabe, aceitar o chamado para a aventura.
5. Travessia para o novo mundo
Nesse estágio, o herói já conformado com seu destino, aceita partir para o mundo incomum e começa a vivenciar uma série de desafios a partir de eventos inesperados.
6. Os testes, os aliados e os inimigos
Nesse novo mundo que se revela para o herói, ele terá consigo amigos e inimigos para enfrentar uma série de testes e provações. Durante o desencadear dos fatos, o herói deverá sobreviver a um desafio robusto, muitas vezes, se valendo da ajuda adquirida ao longo da jornada.
7. A recompensa
Na hipótese de o herói superar todos os desafios colocados em seu caminho, ele terá acesso a uma determinada recompensa ou benção. Em muitos casos, essa fase está associada a alguma descoberta relacionada a autoconhecimento ou à resolução de um dilema moral.
8. O retorno do herói
Na última fase o herói, então, retorna ao mundo comum em posse de sua recompensa e poderá utilizá-la para melhorar a vida da coletividade. No entanto, durante o regresso, o herói poderá passar por novas provações, inclusive, sendo tentado a fazer mal-uso de sua “benção”.
Ideias de storytelling no e-commerce
Depois de falarmos sobre o conceito de forma mais genérica, vejamos algumas sugestões de aplicação dessa estratégia de storytelling no e-commerce.
Mostre os bastidores de seu negócio
De maneira geral, as pessoas gostam de conhecer os bastidores das empresas com as quais se relcionam. Pensando nisso, é interessante explorar aspectos como:
- quais os desafios enfrentados pelo pequeno e médio empreendedor?
- como é empreender em seu ecossistema de negócios?
- como é o dia a dia de um negócio em crescimento?
Esses e outros tópicos podem servir de inspiração para você estruturar seu storytelling no e-commerce.
Demonstre qual a missão e propósito da empresa
Se sua empresa está pautada por um propósito ou uma missão edificante, nada mais interessante do que demonstrar isso para o seu público, não é mesmo?
Contar uma história com esse viés cativará as pessoas, aumentando a conexão entre a marca e o público.
Fale sobre você mesmo
O Brasil conta com milhões de empreendedores com histórias marcantes de superação. Se você é um deles, não deixe de revelar quem é você, suas origentes e trabalho para o público. A sua trajetória, assim como a de seu empreendimento, também pode ser mobilizada para um storytelling no e-commerce.
Conheça exemplos consagrados de storytelling
Depois de falarmos tanto sobre como estruturar um storytelling e suas vantagens, é hora de conhecer alguns exemplos notáveis produzidos por grandes marcas. Confira!
IBM
“A cada 6 horas uma pessoa morre de câncer de pele na Austrália.”
Esse é um dado chocante, não é mesmo? E, foi a partir dessa informação que a IBM pensou em um storytelling incrível.
Combinando seu nicho de atuação à responsabilidade social, a empresa desenvolveu uma ferramenta de inteligência artificial capaz de detectar o melanoma em frequentadores de praias na cidade de Sidney – Austrália.
Tudo funcionava da seguinte forma: os banhistas ficavam posicionados em frente a um espelho, que funcionava como uma espécie de scanner. Segundos depois, o Watson – nome do algoritmo de IA desenvolvido pela IBM –, após uma rápida análise, trazia uma espécie de resposta informando ou não a suspeita de algum problema.
Quem apresentasse qualquer inconformidade na pele era rapidamente encaminhado para um especialista em um ponto de atendimento na própria praia. O mais incrível da ferramenta é que sua precisão para detecção do câncer de pele é 31% maior que dos exames normalmente realizados a olho nu por médicos dermatologistas.
Com essa campanha, a IBM demonstrou como uma empresa que não tem qualquer interface com serviço de saúde pode cumprir um papel social fundamental para o bem-estar da população. E, como não poderia ser diferente, a marca impactou positivamente milhões de pessoas que se beneficiaram ou tomaram conhecimento da iniciativa.
Spotify
Spotify é mais uma marca mundial responsável por criar um storytelling notável. Mas antes de conhecê-lo, você precisa saber que a empresa conhece a fundo as preferências de seus clientes, compilando estatísticas e mais estatísticas sobre as músicas mais tocadas, entre outras preferências de usabilidade da plataforma.
Foi com base nesse trabalho que a empresa espalhou por pontos de ônibus de grandes cidades de todo o mundo uma publicidade que traz um storytelling dos mais interessantes. Em Londres, por exemplo, pode-se ler no cartaz:
Seja tão carinhoso quanto a pessoa que colocou 48 músicas de Ed Sheeran em sua playlist “Eu amo ruivos”.
Ed Sheeran é um artista britânico amplamente tocado na plataforma. Ou seja, os londrinos conhecem o artista e o escutam com frequência.
Com isso, nesse storytelling, o Spotify sugere a utilização de seus serviços de forma inteiramente personalizada, fazendo uso de um efeito de humor extremamente criativo. Inclusive, a playlist citada, de fato, existe.
Always
Nosso terceiro exemplo de storytelling vem da Always e já conta com quase 70 milhões de visualizações no YouTube. E, como você verá no vídeo, a proposta da história é o empoderamento feminino.
Temos, em um primeiro momento, crianças e adultos sendo convidados a correrem como uma garota, em uma espécie de representação. Ao representarem esse ato, tanto homens quanto mulheres se comportam de forma um tanto débil, dando a entender que uma garota não corre com vigor.
Tudo muda quando a “heroína” entra na história. A garota chamada Dakota, de 10 anos, representa como uma garota corre, fazendo movimentos firmes e condizentes com o que se espera de alguém em uma corrida levada a sério.
No fechamento da história, o que temos é uma problematização da representação feita pelos demais participantes e um destaque para o comportamento de Dakota.